sexta-feira, 5 de março de 2010

o pior cego é.

o que resta do olho
esquerdo, direito, o terceiro,
do cu? não olho
a foto irrevelável.

indicador de ciclope
acusa Ninguém
fura-olho de poeta
perfura o eclipse.

alinhavo

novelo de uma só ponta
perdida, desapontada, sem rumo
não aponta.

à noite, todos os gatos são não-gatos
e desalinham
a novela sem fim.

justiça

tarda
mas não
...valha!

em Portugal

tu vinhas
ele vinha

eu vinho!

línguas

gosto de línguas

quero todas em mim

o ímpeto da alemã, que com a força de uma vibrante velar rasga o ouvido e a alma

a irreverência da basca, filha única, perdida no mundo

a voluptuosidade da espanhola, que transa loucamente com a castelhana, sendo, no final das contas, uma coisa só

a fingida candura da francesa, que sussurra em um só tom promessas do mundo e ofensas pessoais

a mobilidade da inglesa, que se faz onipresente, seja em exibidas retroflexas norte-americanas ou fleumáticas aspirações britânicas

a musicalidade da italiana, que apela para que ouçam o que tem a dizer

a alma do esperanto, bendito homem entre as mulheres, que reúne todas na cama sem maiores desentendimentos.

scarry night

sonhei saudades contigo
sonhei tuas saudades em mim
meu amor em teu amor em nós

duas doses de uísque pra cada
uma pedra de gelo pra dois
um assobio que não sai

a canção mais triste desce goela abaixo
mãos cegas são testemunhas da guerra
mas ainda há tempo de dizer

trinta e um salve todos

[.desloucamento]

mover-se, penetrar o espaço arrancar sombras espelhadas conhecer o solo, pisar forte, anunciar a queda arriscar o teu salto incerto da ...