Logo quando pequenos devemos desenvolver
nossa coordenação motora fina, e alinhavar é uma das aprendizagens deste
período. É quando passamos, enfim, a amarrar os cadarços dos nossos
tênis, o que nos traz uma independência formidável. A partir daí, quando
nossos calçados cansam, se afrouxam e nos solicitam atenção, deixamos
de depender de outrem para continuarmos nossa andança. Basta uma pequena
pausa e conseguimos fazer um laço para seguir em frente. Adqui
rimos, pois, alguma autonomia.
Ao longo da vida, são muitas as vezes em que precisamos, para
completarmos o nosso caminho, refazer os laços. No entanto, fazemo-lo
quase sempre com os mesmos movimentos, os mesmos ajustes, a mesma
intensidade. Por isso, há quem acredite haver uma única forma de
amarrar, desconsiderando a infinidade de enlaçamentos possíveis na vida.
E se horroriza se alguém de repente arrisca calçar algo sem cadarços ou
mesmo decide abdicar de qualquer pisante, a fim de tocar o chão com os
pés.
O Dia dos Namorados pode ser uma data para celebrarmos nossa
capacidade de fazer laços, lembrando-se de que, para amar e ser feliz,
não é necessário aprendermos a amarrar ninguém. O fundamental é saber
enlaçar-se e desenlaçar-se, para que o amor seja sempre um pisar leve e
macio – estejamos acompanhados ou não.